claudemir pereira

Sinais para 2024 começam a ficar claros, dois anos antes

Ouvido pela colega Jaqueline Silveira, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira (PT), negaceou. Não disse peremptoriamente que está fora da disputa municipal de 2024. Claro que tem, antes, a tentativa de reeleição, mas os partidos já pensam, e muito, no que acontecerá dois anos depois. E Valdeci sabe ser peça importante no jogo.

Dito isto, o lado canhoto da política santa-mariense tem buscado demonstrar afinidades que poderão redundar em união futura. Sobretudo os maiores partidos desse campo ideológico. Um é o PT, outro, o PDT. No mínimo, diferente dos dois últimos pleitos para a prefeitura, deixam de lado possíveis hostilidades. E, propositalmente, sequer falam do pleito presidencial, em que são adversários.

Não é por acaso, por exemplo, que três semanas atrás se encontraram os presidentes das duas siglas, Sidinei Cardoso Pereira e Marcelo Bisogno. O cardápio foi mais que um cafezinho, por certo. E, diferentemente de outros encontros, que acredita-se tenham acontecido, neste produziu-se até foto para distribuição pela internet. E difundiu-se ter havido uma conversa "de trabalho".

De todo modo, há quem diga desta vez não ser impossível (e só Valdeci Oliveira candidato poderia inviabilizar isso com certeza) uma união PT/PDT. E com os brizolistas na cabeça, apresentando Paulo Burmann como candidato a prefeito.

Claro que 2022 deverá balizar o pleito seguinte. Dependerá do desempenho de Burmann, entre outros fatores. Há uma expectativa bastante positiva quanto ao potencial de votos dele, embora se imagine ser difícil que consiga eleger-se deputado federal. Votação expressiva em Santa Maria, porém, pode ser (mais um) sinal de pretensões locais bastante interessantes, do ponto de vista centro-esquerdista. Seja com o ex-reitor da UFSM ou o atual presidente da Assembleia, que também passa pelas urnas de outubro.

OS OUTROS - Não se sabe exatamente, ainda, o que fará o PSB de Fabiano Pereira. Inclusive pela indefinição das Federações, que poderão atá-lo ao PT e/ou ao PC do B ou fazê-lo mudar de lugar. Ou ainda aderir ao que for decidido.

Dito isto, parece claro que o MDB terá um candidato. E o grande eleitor interno (também dependente das urnas de 2022) é Roberto Fantinel. Que pode chancelar Francisco Harrisson, ex-candidato a vice. Ou ele próprio concorrer.

De outra parte, com poder de agregar aliados de centro-direita, a exceção (talvez) do PP, ainda sem nomes fortes, haverá certamente Rodrigo Decimo, muito provavelmente filiado ao PSDB e candidato do governo.

Mais alguém? Presta atenção no noticiário. São esses aí de cima. Mas não se descarta a entrada de outros protagonistas no jogo. Afinal, é de política que se trata. E surpresas são sempre possíveis.

MDB: Moreira e Souza. Um desistirá. Já a unidade da sigla...

A briga interna no MDB está longe de terminar. Há dois grupos bem distintos. Um quer a união com o PSDB, encabeçando chapa com os tucanos apresentando o vice. Outros, ainda ressentidos pela campanha eleitoral de 2018, não querem saber de nada disso, preferindo guardar distância do tucanato. Há até quem, mesmo minoritário, talvez saia do partido para apoiar de mala e cuia a recandidatura de Jair Bolsonaro ao Planalto e se aliando, aqui, a um dos postulantes bolsonaristas ao Piratini.

De todo modo, a suspensão da prévia marcada para o dia 19, pelo engenhoso pedido para que os dois pré-candidatos, Alceu Moreira e Gabriel Souza, não se inscrevessem, ao menos dá tempo para uma saída negociada - sem que isso signifique, longe disso, a unidade plena.

Afinal, agora se sabe de fato, só há dois interessados em concorrer. Justamente os já postos. Quaisquer outros nomes, como José Ivo Sartori, por exemplo, ou Germano Rigotto, no máximo pretenderão buscar vaga ao Senado. Ou, o que muitos já entendem mais provável, ficarão mesmo é longe das urnas de outubro.

Aliás, Sartori e Rigotto, e também Pedro Simon (os três ex-governadores), mais o ex-senador José Fogaça e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, são os principais signatários visíveis do pedido feito (e afinal acatado) por Moreira e Souza.

Mas há um preço a ser pago justamente por esse quinteto de graúdos emedebistas. Sim, são os cinco que, suspensa a prévia, se verão obrigados a negociar com os pretendentes ao Piratini para, primeiro, tentar que um deles desista - algo que nenhum dos dois admite, até o momento. E segundo, e aí o furo é mais embaixo, tentar que a chapa não seja composta com os tucanos.

Palpite claudemiriano: só a primeira parte do "serviço" chegará a bom termo. Um dos dois desistirá e concorrerá a deputado federal. Já a unidade da sigla, sem o PSDB, bueno, aí são outros 500.

Lula e Ciro estão no centro do debate, na formação das federações

Iniciado na quinta-feira, continua na próxima quarta o julgamento, no Supremo, de ação do PTB, contestando a existência das federações. No feito, partidos como PT, PC do B e PSB (que negociam uma delas) entraram para pedir que o prazo para formalização seja estendido de março para o final de maio, no mínimo.

O fato é que parece impossível a vitória do PTB. Sim, federações são constitucionais e podem ser formadas, com duração obrigatória mínima de quatro anos, unindo partidos em único agrupamento, com direito a regras próprias previamente acordadas.

Se trata de instrumento bastante interessante e que liga as agremiações de alto abaixo, dando unidade para além do mero interesse eleitoral - embora seja este o que presida as decisões no momento inicial.

E é tão atraente que, além do já citado grupo que inclui PT, PC do B e PSB (e também o PV), e que é a mais provável hoje, há outras três em debate, mas que, além de atrasadas (mesmo que a decisão seja adiada para maio), parecem mais ocasionais que de fundo.

Para constar, se debate entre os graúdos, as federações PSDB/MDB (de virtual inviabilidade, mas...), PSDB/Cidadania e/ou Podemos/Cidadania (bem mais possíveis) e Rede/PSol/PDT. Esta última talvez se crie, ainda que tida como difícil.

LUNETA

OS VOTOS

A prévia peemedebista não sai. Porém, se acontecesse, poucos têm dúvida, no partido, acerca do vencedor em Santa Maria e na Quarta Colônia. Observador que sabe das coisas internas do MDB garante: Gabriel Souza faria no mínimo 70% dos votos de prefeitos, vices, presidentes da sigla e delegados à convenção estadual aptos a votar. Já no Vale do Jaguari, a disputa penderia para Alceu Moreira.

O PROTESTO

Que ninguém imagine tenha sido pacífica a aceitação, pelas bases emedebistas a decisão dos figurões de suspender a prévia. Um dos que não se escondeu, levantou a voz e se manifestou foi o vereador Norton Soares, de Restinga Sêca, presidente nacional da Juventude do MDB. Mais: quer que o partido defina, afinal, uma data para decidir quem será o candidato. Que, se depender dele, será Gabriel Souza.

TAMPÃO

Ao que tudo indica, apenas um desfalque haverá no secretariado de Jorge Pozzobom, por conta da campanha eleitoral. Único a sair será mesmo Ewerton Falk, da pasta de Licenciamento e Desburocratização. Ele concorrerá à Assembleia pelo PL, sigla de destino dos filiados hoje ao DEM. E o substituto? Ninguém imagina surpresas. O escolhido cumprirá mandato tampão até a eleição. Situação só muda se Falk se eleger.

RIESGO LÁ?

No programa "Análise" da última semana, na CDN, Giuseppe Riesgo, do Novo, ouvido por Viviana Fronza, abriu uma fresta para a possibilidade ("10%", disse ele) de trocar a disputa à reeleição à Assembleia pela tentativa por uma vaga à Câmara dos Deputados. Dependeria de Marcel Van Hattem concorrer ao Senado, para o que é convidado. Impossível? Não. Mas muito improvável. Decisão sai até março.

PARA FECHAR!

A mais recente vítima da Covid-19 na Câmara santa-mariense foi o vereador Alexandre Pinzon Vargas, do Republicanos. Com sintomas leves, porém, o parlamentar se isolou em casa e, de lá mesmo, não parou as atividades via internet. Sim, após o susto gigantesco enfrentado pelo atual presidente Valdir Oliveira (que ficou quatro meses internado) ninguém está muito a fim de dar chance ao azar.

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